Para sociedades religiosas, heranças e tradições desempenham um papel fundamental na manutenção da identidade, cultura e senso comunitário, não apenas espiritualmente, mas em um sentido espacial, o território ocupado guia como a religião lida com questões materiais.
Com a criação de um lugar que segue esta ordem sagrada – o Jetavana – a comunidade pôde enriquecer o exercício de suas tradições e rituais de forma mais adequada através da arquitetura.
Destinado a uma comunidade religiosa com poucos recursos econômicos. O projeto concebido por Sameep Padora & Associates, cria essa possibilidade e oferece um espaço com grandes valores e significados espirituais através da reencarnação dos materiais, intervenção mínima no território natural e abrigo das tradições comunitárias
Jetavana / Sameep Padora & Associates
Critérios utilizados para o reuso dos materiais
O fator principal foi o orçamento reduzido com utilização de materiais econômicos, mas com fácil acesso e durável. A madeira da estrutura da cobertura veio de demolições, assim como as telhas de madeira e as pedras de uma pedreira de basalto próxima ao local. O processo de projeto tornou-se quase reativo, respondendo com rapidez as constantes mudanças de acordo com o entendimento do local, envolvendo, em paralelo, a construção da obra. A relevância do projeto vem desse fato.
Quase todas nossas ideias sobre materiais mudaram, a terra batida precisava de muito cimento para estabilização, o bambu e a palha para a construção não eram de boa qualidade. Este processo reativo e ágil, em oposição à solução fixa e determinada, permitiu que diversas respostas fossem mais adequadas e enriquecedoras.
Sobre o pó de pedra utilizado: Quais são os prós e contras que o material apresenta se comparado com o concreto? Quais outras possibilidades deste material no local?
O clima é extremamente quente e seco em Sakharwadi, garantindo que a escolha do material fosse por aqueles que isolassem o interior do calor. Ao contrário do concreto, as paredes de pó de pedra alcançam espessuras interessantes para deixar a parte interna fresca.
O objetivo na adoção deste método, além do conforto térmico, foi de mostrar como o material local, tradicionalmente visto como descarte, poderia ser utilizado de uma nova maneira numa construção indígena. Esperamos que isso incentive uma nova técnica “local”, não apenas baseada em nostalgia, mas em especificações do próprio tempo.
Como a espiritualidade budista reflete no partido arquitetônico e no desenho do programa?
O centro foi construído pelos neobudistas locais, a comunidade de Baudh, mas é aberto a todas as religiões.
A abertura do centro incluiu líderes religiosas das comunidades cristãs, muçulmanas e hindus também. A comunidade Baudh tem sido tradicionalmente uma parte da população indiana desfavorecida economicamente, mesmo tento uma presença considerável dentro da política do país, o centro tenta preencher lacunas no cuidado social com programas espirituais, meditações e ioga, mas também com formação profissional para os jovens. Consequentemente os dois maiores espaços do projeto são o salão de meditação e as oficinas de cursos.
A diretriz principal era não fazer nada de mal para nenhuma coisa viva, portanto, o centro foi dividido e fragmentado entre as árvores, não poderia ser um bloco único. Nenhuma árvore foi cortada durante a obra.
O ritmo da estrutura de madeira, focada na estátua de uma divindade, faz referência as nervuras do interior de uma caverna budista. Alguns de nossos modelos dos estudos iniciais foram pensados com abóbodas na cobertura para aumentar a referência com as cavernas, mas a lógica de se conectar visualmente com o ambiente e as árvores foi decisiva e dominante no partido.
Jetavana / Sameep Padora & Associates